Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/213

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ousava sonhar, antes de a conhecer. O futuro era a estrada semeada de flores, iluminada pelos raios da felicidade. E esse dote que o destino me oferecia, eu o arremessei no abismo do impossível!

“O mundo chamará a isso uma tolice, e eu mesmo às vezes duvido que tivesse direito de recusar a ventura que Deus me concedia! Mas ela trazia no seio um verme que a havia de devorar. Poderia eu jamais arrancar de meu coração esta suspeita que o contamina como uma lepra? A todo o instante, entre os enlevos do amor de Alice, no meio dos gozos da riqueza, não ouviria o riso estridente e sarcástico da consciência, a escarnecer a felicidade, que fora o salário pago pelo crime à vil impiedade do filho?...

“Eu pudera esquecer, e talvez mesmo perdoar, se o perdão fosse generoso, de mim para ele; mas dele para mim, nunca!”

Por muito tempo essas ideias trabalharam o espírito do mancebo.

“Pensemos no futuro, disse por fim; aonde irei? Os felizes têm uma estrela que os guia. Os desgraçados... Esses têm a fatalidade que os impele,