Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/217

Wikisource, a biblioteca livre

Foi então que o preto se dirigiu para a cabana. Ao entrar no vale, avistou ele por entre os juncos, a água tranquila e dormente do lago, que ao pálido reflexo da lua parecia a alva cândida e pura de um leito, prestes a transformar-se em sudário.

A inundação dos dias passados varrera o muro que o barão fizera construir em torno, e do qual só restavam destroços na parte contígua ao rochedo. Ficara portanto o boqueirão inteiramente a descoberto do lado da estrada.

Vendo aquele quadro, ao morno palor da lua, o preto sentiu percutir-lhe o corpo um frio terror; e voltando o rosto apressou ainda mais o passo.

Na cabana havia luz. Sentada na sua tarimba com a almofada ao colo Chica tangia os bilros à luz da candeia, impaciente por acabar a tarefa. Pelo Natal começara uma renda larga de dois palmos, que destinava para a anágua do casamento de sua nhanhã, o qual não podia tardar.

Naquele momento a preta, embora ignorasse o que tinha ocorrido, cismava na tristeza de Mário e no seu afastamento da Casa Grande para onde ele não se dispunha a voltar.