— Compreendo. Ficou-lhe como o estigma de seu crime.
— Então ele desapareceu para sempre, lá no fundo; e o grito que estava preso aqui no peito, saiu.
Calou-se o preto horrorizado ante aquela recordação, e espavorido pelo efeito que ela produziria no moço.
Submergido nas profundezas de sua alma revolta, Mário repassava toda sua existência, para deleitar-se no desprezo que tantas vezes sentira pelo barão. Parecia-lhe que só nesses momentos de ódio tinha ele vivido; o resto de sua vida fora um pesadelo.
Entanto o negro velho continuara:
— Tudo que o boqueirão engole, vomita depois... Tem uma grota lá da outra banda... foi pai Inácio que ensinou. Eu esperei meu senhor até que no outro dia apareceu; ainda tinha o papel no bolso, mas todo apagado.
— Eu não me enganei! É ele que está enterrado no tronco do ipê?
O velho travou as mãos súplices:
— Mas não o leve daí! Meu senhor era ele... só.