mas o preto velho não o escutou; com os cabelos erriçados, os olhos pasmos, e o corpo hirto, contemplava uma visão que o arrastava e espavoria ao mesmo tempo.
De feito, a estátua elevada de um homem a cavalo assomara lá da outra banda, na margem do lago. Sombreava-lhe o rosto um chapéu desabado; e uma capa escura descia-lhe dos ombros até os joelhos.
— É ele... ele mesmo.
Os lábios trêmulos do negro estertoravam de pavor.
— Ele quem? perguntou Mário.
— Seu pai!... Fazem hoje 18 anos. Foi a essa mesma hora! Ele vem ver o filho!...
Avançava o cavaleiro lentamente pela água adentro. O animal refugava; mas ferido pelas esporas movia o passo, retraindo o corpo, espetando as orelhas, e bufando de terror.
Tomado pelo primeiro espanto dessa aparição, Mário não tivera tempo de refletir, quando cavalo e cavaleiro submergiram-se de repente a seus olhos.
— Foi assim!... soluçou Benedito caindo de joelhos.