Página:O Tronco do Ipê (Volume II).djvu/60

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Era a primeira vez que Alice chamava o moço diretamente.

Até então ambos valendo-se do nosso tratamento usual na terceira pessoa, evitavam, na conversa, pronunciar o nome um do outro. Alice não queria por forma alguma usar do cerimonioso – senhor – que tornaria seu companheiro de infância um estranho a ela e à família; também não se animava a dizer – você – tão de repente, com receio de que ele não gostasse, mas sobretudo por um vexame natural. Debalde revoltava-se contra esse sentimento, pensando que Mário era como seu irmão; alguma cousa de suave lhe advertia que a afeição do sangue não tinha as asas da sua, essas asas auriverdes da esperança, que lhe estavam a afagar meigamente o coração.

O abalo de ver nesse momento Mário afastar-se dela agastado, rompeu-lhe o enleio. No ímpeto d'alma saiu-lhe do seio o nome que tantas vezes ela atalhara nos lábios, prestes a escapar-lhe. Também aí rasgou-se aquela espécie de cendal, que separava o coração de ambos.

— Mário! repetiu a menina como se uma vez