Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/111

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thesouro, de todos acatado e querido. No mesmo instante o ar sibilou, e ouviu-se o som de uma pancada contra um corpo sonoro. Um grito, antes urro medonho, echoou pela vasta solidão, e uma massa, que se parecia, na fórma e no peso, com um tronco de angico annoso, tombou sobre a areia. O desconhecido acabava de obrar uma acção vil. Com a cronha do bacamarte tirara os sentidos áquella digna mulher, que o encarára sem medo.

Vendo sua mãi cahir desfallecida, Luizinha quiz correr em seu amparo, mas não lh’o permittiu a mão do malfeitor que a puxou para traz com força herculea.

— Ah! não conheceste o Cabelleira, cascavel? acrescentou elle com os olhos fitos em Florinda. Vêm metter-se na bocca da onça, e depois dizem que a onça é cruel.

Aos ouvidos de Luizinha aquelle nome passou como uma chamma electrica, que lhe deu forças para volver á vida.

— Cabelleira! repetiu ella.

Só então viu os longos cabellos que cahiam em ondas por debaixo das abas do chapeu de palha sobre os hombros do assasino.

— De que te admiras? Não sabes que o Cabelleira está em toda a parte onde não o esperam? Vem comigo.