Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/116

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pesados que sua cabeça cheia de encontrados pensamentos.

Pouco a pouco o passado se lhe foi desenhando na tela, ao principio escura, depois diaphana e resplandecente da imaginação vivamente excitada pela violenta commoção. Por ultimo todas as scenas infantis, tão afastadas, que poderiam considerar-se sinão de todo desvanecidas, ao menos vagas, confusas e de impossivel resurreição, reappareceram nos seus olhos com o vigor de outr’ora sinão mais vivas e animadas que d’antes.

Luiza representou-se-lhe sorrindo e brincando nas campinas, por junto dos assudes, á sombra dos joazeiros. Era a mesma menina meiga e amavel, com quem elle folgára á beira dos poços e vallados, e para quem tantas vezes apanhara camarões nas enxurradas.

O bandido lembrou-se de que uma quadra tinha havido em sua vida, na qual elle só cuidava em armar arapucas por entre os leirões do roçado para pegar jurutis, em abrir fojos debaixo das moutas, ou armar quixós e mondés na capoeira com o fim de apanhar preás para a menina.

A conhecida scena do coelho pendurado da forca de ramos, obra de Joaquim, se lhe estampou novamente, por natural associação de idéas, na tela do pensamento, e