Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/134

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— Em vez do incendio, o saque — acudiu Miguel-mulatinho.

— Para tanto não temos forças, mas si o querem, encontram-me prompto, como sempre — observou Manoel-corisco.

— A minha opinião é que apanhemos os cavallos e gado que ainda existem por estas beiradas. Elles devem render na feira dinheiro fresco para irmos resistindo á secca. Feito isto, levantemos o acampamento por algum tempo — tornou Miguel.

— Que é que resta por aqui? perguntou Corisco. Na fazenda de Liberato poucas rezes se contam. Antes de morrer, o ladrão do negro já estava limpo; só tinha em casa os cachorros, os gatos, a mulher e a filha.

— Boa idéa, boa idéa — gritou Joaquim, cujos olhos nadavam em ferocidade. Terão vossês coragem para darem conta da empreza?

— Diga lá, Joaquim. Vossê não está com patativas choronas, vossê está com carcarás que tem boa vista, boas azas e melhores unhas — acudiu Miguel-mulatinho, librando-se nos pés para imitar o passaro que quer voar.

— Vamos lá ver o que propõe vossê — acrescentou Manoel-corisco.

— Proponho o roubo das melhores raparigas da povoação. Isto, sim, ha de dar a todos