Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/135

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a medida da nossa audacia, e por todos será considerado uma prova de que estamos fortes como nunca estivemos.

— Sim, senhor, muito bem lembrado — disse o Mulatinho, melhor não podia ser, mas a cousa é séria, Joaquim.

— Ora! Tens medo?

— Medo! O medo comi eu com as papas que minha mãi me deu quando era pequenino — retrucou o malfeitor como por demais.

— Dito e feito, Joaquim. Quando será isso? Hoje? Amanhã? perguntou José-trovão, negro hediondo, cuja cara apresentava profundas cicatrizes e cujos olhos, vermelhos como tomates, padeciam de estrabismo divergente.

— Hoje não. Amanhã, ou depois, conforme entender melhor Zé Gomes — respondeu Joaquim.

E logo acrescentou:

— Mas onde se metteu Zé Gomes que o não vejo aqui?

O lugar onde se achavam reunidos os bandidos era um dos pontos mais centraes da mata.

Tinham elles assentado o seu arraial ao pé de um olho-d’agua que não seccava ainda no rigor do verão. Este arraial compunha-se de meia duzia de ranchos abertos por todos os lados e unicamente cobertos de palhas de