Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/182

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duvidar. O segredo da encoberta estava no poder da justiça.

— Estão perdidos, disse o Cabelleira commovido. Si foram tomadas as sahidas que ficam do lado do poente, nenhum se salvará.

Como impellido por força irresistivel, o Cabelleira deu o andar para o mato.

— Que vai vossê fazer? perguntou-lhe a moça com inquietação, atravessando-se na frente delle.

—Não se assuste, Luizinha. Vou defendel-os.

— Diga antes que vai morrer.

— Não, o que eu vou fazer é matar gente sem piedade, acodiu o bandido.

— Matar gente! repetiu Luiza. Que valeu então o juramento que fez ha pouco?

— Ah! disse elle, cahindo em si. É verdade, Luizinha. Mas que quer que eu faça? Pois não hei de ir ajudar os meus a sahirem da tribulação em que se acham?

— Elles são muitos e valentes, respondeu Luiza; podem bem dispensar o seu adjutorio. Demais, vossê não pertence mais a elles, mas a mim, a mim só; ouviu José?

— Sim, eu sou seu, Luizinha; eu pertenço a vossê pelo coração, pelo amor.

Ouvindo estas palavras, ella inclinou ao chão seus olhos mais bellos que as estrellas que brilhavam no céo.