Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/208

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a ver passar os productos no poder dos atravessadores: mas faltando-lhe esses productos, não só para os expor na sua taverna, sinão tambem para o proprio uso, tomára o accôrdo de ir pessoalmente um sabbado por outro a Santo-Antão prover-se do necessario para a semana. Quando o Cabelleira estava na mata, Thimoteo ia ter com elle e lhe comprava por quasi nada o que muitas vezes tinha custado a vida do pobre roceiro, que deixava mulher viuva, e uma infinidade de filhos na orphandade.

Dest’arte estava elle senhor dos caminhos e carreiras que iam ter á encoberta onde entrava com familiaridade, e d’onde sahia como amigo.

Elle sabia que o Cabelleira se achava na terra por haver estado de passagem na sua taverna, conforme vimos. De tudo informado, o capitão-mór aguardou ancioso a noite seguinte, para dar começo á batida da mata. Com o fim de illudir porém a vigilancia dos assassinos, e escusar as suas suspeitas, mandou notificar as praças do contingente para que se achassem em um ponto das matas do seu engenho, ao qual cada um devia dirigir-se desacompanhado a fim de não dar na vista de quem quer que fosse.

Tanto que anoiteceu, o capitão-mór deu