Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/229

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jatobá. Terei tempo de procurar algumas frutas para vossê comer.

— Não tenho fome, só tenho sêde.

— Vamos então arranchar-nos debaixo daquella ingazeira, que fica a poucos passos do rio.

Tendo-se apeiado ao pé da arvore indicada, o Cabelleira peiou o cavallo em uma baixa que formava a margem, da qual não havia desapparecido de todo a grama nascida com o ultimo inverno; e sem demora desceu ao poço contiguo para apanhar agua em uma casca de sapucaya que descobriu por acaso entre umas folhas seccas.

Notou que quanto mais se estendia a depressão do terreno para o lado do rio, mais augmentava a verdura que a revestia. Conheceu por fim que havia dado em uma vasante.

Semelhante achado pareceu-lhe cousa extraordinaria naquellas alturas invias e desertas. Mas não se tinha enganado; a região que se lhe offerecia á vista não era de todo deshabitada; alli brilhavam vestigios da mão do homem; alli havia o cunho de um esforço de que elle nunca fôra capaz, o cunho do trabalho.

Era pequena a plantação, mas tida, ao que parecia, em alta conta por quem quér que lhe consagrava os seus cuidados e vigilancia.