Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/240

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— Não esmoreças, meu bem; disse o mancebo. Havemos de ser felizes.

— Onde? Neste mundo? perguntou ella com incredulidade. Na terra não ha felicidade, Cabelleira; na terra só ha dores e prantos, saudades e remorsos.

— Pois eu te mostrarei que se póde ser feliz no deserto, no fundo das brenhas. Não matarei mais a ninguem, meu amor. Bem dentro da mata virgem, em um lugar que só eu conheço, ha um olho d’agua, que nunca deixou de correr. Junto deste olho d’agua ha uma chã, no fim da chã um bosque, e por detraz do bosque uma montanha immensa que rompe as nuvens. O olho d’agua nos matará a sêde todo o anno; na chã levantarei uma casinha de palha para nós; no meio do bosque abrirei um roçado que nos ha de dar farinha, macaxeira, feijão, e milho com abundancia; e quando a secca fôr muito forte, como esta, subiremos á serra, e ahi passaremos dias melhores.

— Si assim fosse.. Si assim pudesse ser... balbuciou Luiza.

— Porque não?

— Porque? Porque a desgraça ahi está para desmentir o seu sonho, Cabelleira.

— Olha, Luizinha. Os homens me deixarão logo que eu não os offender mais. Não