Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/250

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está fresca. Os passarinhos cantam. A viração tem os cheiros do deserto.

Aproximou-se de Luiza, tomou-a nos braços, conchegou-a ao seio, e depoz-lhe nos labios um beijo de amor. Os labios da gentil menina estavam frios, seu corpo gelado. Luiza não pertencia mais a esta vida.

Reconhecendo a cruel realidade, o bandido deu um grito de dôr que atroou a immensa solidão como urro de touro selvagem.

— Morta! Morta! Luizinha!

O cadaver da moça escapou-lhe dos braços, mas logo o bandido cahiu de joelhos aos pés desse corpo inanimado, com o qual tinham fallecido todas suas esperanças e felicidade,

— Luizinha, responde-me, disse elle. De que morreste, meu amor?

Levantou-se, deu alguns passos à esmo, tornou ao leito de ramos que tinha servido de leito de morte á virgem dos seus pensamentos.

Pegou-lhe das mãos, que beijou uma, duas, innumeras vezes, examinou-as, examinou o rosto da infeliz, e só encontrou ahi os vestigios do transito final. Tudo estava acabado para ella. Foi esta a verdade cruel que elle viu traspassado de uma pena que se não descreve, e que só elle sentiu nesta vida.

Sentou-se no chão, e suspendeu o cadaver