Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/259

Wikisource, a biblioteca livre

Um negro, uma negra, duas negrotas, e tres molecotes filhos dos dous primeiros faziam prodigios de valor na cultura das terras. Amanheciam no cabo da enxada e só se recolhiam quando faltava uma braça para o sol se esconder no horizonte. Estes escravos viviam porém felizes tanto quanto é possivel viver feliz na escravidão. Não lhes faltava que comer e que vestir. Dormiam bem, e nos domingos trabalhavam nos seus roçados. Em algum dia grande faziam seu batuque, ao qual concorriam os negros das vizinhanças.

Quando o Felisberto se casou com a filha de Lourenço Ribeiro, mestre de assucar do engenho Curcuranas, teve a feliz idéa de ir estabelecer-se naquelle sitio que comprára com algumas economias que lhe legára um tio que vivêra de arrematar dizimos de gado. Essas economias deram-lhe tambem para comprar duas moradinhas de casas e o negro André. Com a negra Maria, que a mulher lhe trouxera em dote, casou Felisberto o seu negro, na esperança de que em poucos annos a familia escrava estaria augmentada, e por conseguinte augmentada tambem a fortuna do casal. Essa esperança foi brilhantemente confirmada.

Felisberto não estava em casa á chegada dos dous matutos. Havia ido á villa a negocio