Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/261

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A casa-de-farinha não era mais do que um vasto alpendre aberto por todos os lados e coberto de palhas de pindoba.

No centro via-se o forno onde tinha de ser cozida a massa já apertada pela prensa e livre da manipueira. Parte della porém, tanto que sahia do pé das rodas, era lavada em gamellas e alguidares onde deixava o residuo ou gomma para os bejús e tapiocas.

A prensa estava armada a um dos lados do alpendre; no outro viam-se as duas rodas que não cessavam de gyrar. Quando cansavam os matutos ou escravos que as moviam, eram logo substituidos por gente fresca.

Os dous matutos, alli bem conhecidos, foram saudados pelas pessoas que estavam trabalhando, e, como é costume em taes occasiões ainda hoje, trataram elles de concorrer gratuitamente com o auxilio dos seus braços descansados, o que a muitos não deixou de ser agradavel.

— Venha para cá, seu Marcolino. Pegue no veio da roda, e desmanche-me esta mandioca que está custosa de acabar, disse um.

— E eu ponho de boa vontade em sua mão, Marciano, este rôdo. Não precisa mecher muito a massa; o forno não está muito quente e não ha risco de queimar-se a farinha, disse outro.