Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/306

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Finda a leitura viu-se o Cabelleira apparecer, quasi de subito, no estrado da forca, ao lado do carrasco.

Elle não havia vacillado na rapida ascensão nem dava mostras de abatido.

Seu rosto estava pallido, mas sereno. A cabeça tinha sido despojada do bello distinctivo a que o mancebo devia a alcunha com que seu nome chegou à posteridade.

Com um olhar longo e rapido abrangeu a multidão que se apinhava em derredor do patibulo, e proferiu, sem titubiar, com voz ligeiramente alterada, estas palavras que a tradição recebeu como herança, para transmittir ás gerações vindouras:

— Morro arrependido dos meus erros. Quando cahi no poder da justiça, meu braço erajá incapaz de matar, porque eu já tinha entrado no caminho do bem...

— Meu filho! meu filho! gritou nesse momento Joanna do meio do povo por entre o qual buscava em balde abrir caminho para chegar ao pé do cadafalso.

A esta exclamação, o Cabelleira voltou-se confuso e commovido. Um longo suspiro escapou-lhe do peito oppresso da subita afflicção. Seus labios tremulos deixaram passar estas precisas e pontuaes palavras:

— Adeus, mamãisinha do meu coração!