Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/67

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conventos, e convidou o povo a procissões de penitencia. As procissões eram então actos magestosos e dignos. Uma dellas produziu tão viva e salutar impressão no espirito do povo daquelle tempo, que o historiador se julgou na obrigação de transmittir sua memoria á posteridade.

Eram sete horas da noite quando esta procissão, que sahiu da igreja de S.-Pedro, se encaminhou á da Madre-de-Deus, designada para um rigoroso miserere. O bispo acompanhou-a em pessoa, descalço, e confundido com o povo. Todos, vestidos de branco, disciplinavam-se com sincera contricção.

Tendo chegado á igreja, d. Thomaz subiu ao pulpito, d’onde sua palavra começou a cahir com a singela eloquencia que a verdadeira piedade suscita e a que o amor paternal autoriza. O devoto bispo havia-se inspirado naquella passagem que um dos primeiros luminares das lettras portuguezas, fr. Luiz de Souza, nos deixou em sua immortal Historia-de-s.-Domingos, e que se refere ao sermão pregado com identico fim pelo visitador fr. João Furtado em Evora.

Antes que o povo começasse a dispersar-se, tres penitentes, envoltos nos competentes lençóes e armados com as respectivas disciplinas, tomaram pela Rua-direita abaixo