Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/81

Wikisource, a biblioteca livre

sorte que estava fadado a legar á posteridade um eloquente exemplo para provar que sem educação e sem moralidade é impossivel a familia; e que a sociedade tem o dever, primeiro que o direito, de obrigar o pai a proporcionar á prole, ou de proporcionar-lh’o ella quando elle o não possa, o ensino que fórma os costumes domesticos nos quaes os costumes publicos se firmam e pelos quaes se modelam.

Aos sete annos de idade o pequeno já sabia matar passarinhos com seu bodoque, presente que lhe fizera o pai com expressa recommendação de amestrar-se em seu uso para que viesse a ser mais tarde um escopeteiro consummado.

— Ó José, ouve bem o que te vou dizer. Quando o sanhassú ou o bem-te-vi não cahir morto da bala do bodoque, mas só com uma perna ou uma aza quebrada, não lhe apertes o pescoço para que não esteja penando. Faze um espetinho de cabuatã, e crava-o na titela do passarinho. Tu não sabes que os passarinhos são diabinhos que nos perseguem, furando as laranjas e destruindo as bananas do quintal?

— Tenho pena, papai, e não farei isso aos pobresinhos — respondeu o menino.

— Tens pena, tu José? Pois sabe que é preciso que percas esta pena e que te vás acostumando a ser homem. Si hoje cravas