Página:O cabelleira - historia pernambucana (1876).djvu/86

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faço lá uma caminha no canto do meu quarto para elle dormir junto de mim.

— E si teu pae o quizer matar?

— Pedirei a papai que o não mate, não. Olhe, mamãi: o melhor é eu vir esconder o coelhinho no mato sempre que meu pai estiver para chegar. Deus me livre de ver meu coelho morrer.

— Deus te livre, atrevido! gritou ao pé da mulher e do filho o máo marido, o pai desnaturado, carrasco da familia antes de sêl-o da sociedade e de si proprio.

E arrebatando com rudeza bruta das mãos de Joanna o pobre animal, fez gesto de lhe quebrar a cabeça contra uma pedra que lhe ficava fronteira.

— Que queres fazer, Joaquim? interrogou Joanna, não obstante achar-se aterrada pela presença do marido.

— Ainda m’o perguntas, mãi cobarde que só sabes dar a teu filho lições de mofineza? Eu não quero meu filho para chorão.

— Mas eu tambem não o quero para assassino.

— Hei de ensinal-o a ser valente. Ha de aprender comigo a jogar a faca, a não desmaiar diante de sangue como desmaias tu, mulher sem espirito que não tens animo para matar um bacorinho. Não sabes que o assas-