Página:O cortiço.djvu/148

Wikisource, a biblioteca livre

— Que é isto?... perguntou-lhe a mãe, apalpando-a toda com um olhar inquiridor.

— Não sei, mamãe...

— Que sentes tu?...

— Nada...

— Nada, e estás lançando?... Hein?!

— Não sinto nada, não senhora!...

A mulata velha aproximou-se, desatou-lhe violentamente o vestido, levantou-lhe as saias e examinou-lhe todo o corpo, tateando-lhe o ventre, já zangada. Sem obter nenhum resultado das suas diligências, correu a chamar a Bruxa, que era mais que entendida no assunto. A cabocla, sem se alterar, largou o serviço, enxugou os braços no avental, e foi ao número 12; tenteou de novo a mulatinha, fez-lhe várias perguntas e mais à mãe, e depois disse friamente:

— Está de barriga.

E afastou-se, sem um gesto de surpresa, nem de censura.

Marciana, trêmula de raiva, fechou a porta da casa, guardou a chave no seio e, furiosa, caiu aos murros em cima da filha. Esta, embalde tentando escapar-lhe, berrava como uma louca.

Abandonaram-se logo todas as tinas do pátio e algumas das mesas do frege, e o populacho, curioso e alvoroçado, precipitou-se para o número 12, batendo na porta e ameaçando entrar pela janela.

Lá dentro, a velha escarranchada sobre a rapariga que se debatia no chão, perguntava-lhe gritando e repetindo:

— Quem foi?! Quem foi?!