— No mais... acrescentou, pode tratar de vida nova! Nada o prende aqui. Estamos quites.
— Como? se o senhor ainda não me fez as contas?!...
— Contas? Que contas? O seu saldo não chega para pagar o dote da rapariga!...
— Então eu tenho de pagar um dote?!...
— Ou casar... Ah, meu amigo, este negócio de três vinténs é assim! Custa dinheiro! Agora, se você quiser, vá queixar-se à policia... Está no seu direito! Eu me explicarei em juízo!...
— Com que, não recebo nada?...
— E não principie com muita coisa, que lhe fecho a porta e deixo-o ficar às turras lá fora com esses danados! Você bem viu como estão todos a seu respeito! E, se há pouco não lhe arrancaram os fígados, agradeça-o a mim! Foi preciso prometer dinheiro e tenho de cair com ele, decerto! mas não é justo, nem eu admito, que saia da minha algibeira porque não estou disposto a pagar os caprichos de ninguém, e muito menos dos meus caixeiros!
— Mas...
— Basta! Se quiser, por muito favor, ficar aqui até à noite, há de ficar calado; ao contrário — rua!
E afastou-se.
Marciana resolveu não ir ao subdelegado, sem saber que providências tomaria o vendeiro. Esperaria até ao dia seguinte "para ver só!" O que nesse ela fez foi dar uma boa lavagem na casa e arrumá-la muitas vezes, como costumava, sempre que tinha lá as suas zangas.
O escândalo não