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O chá japonez tem a virtude de mitigar a sêde. Assim se explica o habito dos japonezes não beberem agua; mesmo na força dos calores, em pleno agosto, a chavena de chá, saboreada a goles, lhes dá pleno consolo. Aponta-se-lhe mais outros condões: excita ligeiramente o organismo, combate o cançaço das vigílias, predispõe ao bem estar, infiltra no cerebro não sei que subtil embriaguez, lucida todavia, que nos torna mais affectivos ás sensações de agrado e mais aptos ás elaborações do pensamento.

A maneira de preparar a infusão do chá em pó e a arte de servil-o constituem a tão famosa cerimonia chamada do chá-no-yu. Foi assim que o uso do chá se introduzio no Japão, como uma pratica liturgica dos frades buddhistas da seita de Daisu, exercida no propoito de prolongarem as mysticas vigilhas preceituadas; servia ao mesmo tempo de pretexto para uniões intimas, que eram, imagina-se, um aprazivel desenfado á proverbial monotonia do convento; sendo um meio efficaz de estreitar laços