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O plano do jardin submettia-se a regras determinadas, pelas quaes o engenho indigena se revelava em graças prodigiosas, aqui pelos contornos do lago e pelas pontesinhas que o cruzavam, alem pela escolha dos arbustos e das pedras, na intuição ingenua e amorosa de impôr á vista a illusão de uma paisagem rustica, reduzida a proporções minusculas. Mais do que isto: a alma das coisas, o que de inexplícavel e de subtil parece emanar de um conjuncto qualquer onde os olhos se poisem.— tranquillidade das sombras, arrogancia de um tronco, ternura das relva . . . — devia ressaltar suggestivamente do jardinsinho japonez, imprimir-lhe um caracter, uma philosophia, acordando na mentalidade dos visitantes um sentimento de paz, de triumpho, de saudade . . . Claro está que as flores de luxo, como as rosas, como as camelias, como as peonias, eram excluidas, por improprias da intenção de quadro agreste dada á scena.

Éra de estylo a monumental lanterna, tal como se encontra nos templos, de pedra, tanto mais valiora quanto mais esverdeada eroida de vetustos musgos, e espalhando pela noite vagas claridades coadas