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organisou um chá-no-yu colossal nas visinhanças de Kyoto, ainda hoje memorado como festa de inigualavel esplendor: uma extensão de quinze kilometros quadrados era occupada por innumeros kiosques, aonde os generaes preparavam o chá; todos, nobreza e plebe, os ricos e os mendigos,— um enxame humano! — tinham entrada; Hideyoshi visitou todos os poisos e por suas proprias mãos preparou chá, que offereceu aos chefes favoritos.

Relembrando o passado, juntamente n'um periodo de effervescencias guerreiras culminantes no Japão, talvez pareça estranho, talvez pareça comico, que esses rudes barões de tão grandes façanhas, os indomaveis veteranos das guerras na China e na Coréa, despissem armadura, tirassem os dois sabres da cintura, para virem votar horas chimericas a aquecer a agua sobre brazas e a preparar o chá. . . Mas o contraste, por si, explicam facto: era precisamente esta dura existencia de batalhas e de lances sangrentos, de inclemencias da vida nomada, de longo cogitar em extratagemas e em argucias, que impunha aos homens dirigentes a doce tregua do chá-no-yu. O convivio com os partidarios e os amigos, o desfilar do povo alegre a reverente,