Página:O demônio familiar.djvu/38

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EDUARDO – Assim, não amas a tua noiva?

AZEVEDO – Não, decerto.

EDUARDO – É rica, talvez; casas por conveniências?

AZEVEDO – Ora, meu amigo, um moço de trinta anos, que tem, como eu, uma fortuna independente, não precisa tentar a chasse au mariage. Com trezentos contos pode-se viver.

EDUARDO E viver brilhantemente; porém não compreendo então o motivo...

AZEVEDO – Eu te digo! Estou completamente blasé, estou gasto para essa vida de flaneur dos salões; Paris me saciou. Mabille e Chôteau des Fleurs embriagaram-me tantas vezes de prazer que me deixaram insensível. O amor hoje é para mim um copo de Cliqcot que espuma no cálice, mas já não me tolda o espírito!

EDUARDO – E esperaste chegar a este estado para te casares?

AZEVEDO – Justamente. Tiro disso duas conveniências: a primeira é que um marido como eu está preparado para desempenhar perfeitamente o seu grave papel de carregador do mantelete, do leque ou do binóculo, e de apresentador dos apaixonados de sua mulher.

EDUARDO – Com efeito!