Página:O demônio familiar.djvu/61

Wikisource, a biblioteca livre

PEDRO – Pedro tem manha muita, mais que Sr. Fígaro! Há de arranjar casamento de Sr. moço Eduardo com sinhá Henriqueta. Nhanhá não sabe aquela ária que canta sujeito que fala grosso? Cantando.) "La calunnia!..."

CARLOTINHA – Deixa-te de prosas!

PEDRO – Prosa, não; é verso! Verso italiano que se canta!

CARLOTINHA (rindo) – Tu também sabes italiano?

PEDRO – Ora! Quando Sr. moço era estudante e mandava levar ramo de flor à dançarina do teatro, aquela que tem perna de engonço, Pedro falava mesmo como patrício dela: Un fiore, signorina!

CARLOTINHA – Ah! Mano mandava flores a dançarinas... (A meia voz) E diz que amava a Henriqueta!

PEDRO – Ora, moço pode gostar de três moças ao mesmo tempo. Esse bicho que se chama amor, está nos olhos, nos ouvidos e no coração: moço gosta de mulher bonita só para ver, de mulher de teatro só para ouvir cantar e de mulher de casamento para pensar nela todo o dia!

CARLOTINHA – Não sejas tolo! A gente só deve gostar de uma pessoa! Aposto que o tal Sr. Alfredo é desses!