Página:O demônio familiar.djvu/82

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com isto. Há certas mães que desejam ver-se logo livres de suas filhas, e que só tratam de casá-las; eu sou o contrário.

VASCONCELOS – Tem razão; também eu se não estivesse viúvo!... Mas isso de um homem não ter a sua dona de casa, é terrível! Anda tudo às avessas.

D. MARIA – Por isso não; Henriqueta é uma boa menina! Bem educada!...

VASCONCELOS – Sim; é uma moça do tom; porém não serve para aquilo que se chama uma dona de casa! Estas meninas de hoje aprendem muita coisa: francês, italiano, desenho e música, mas não sabem fazer um bom doce de ovos, um biscoito gostoso! Isto era bom para o nosso tempo, D. Maria!

D. MARIA – Eram outros tempos, Sr. Vasconcelos; os usos deviam ser diferentes. Hoje as moças são educadas para a sala; antigamente eram para o interior da casa!

VASCONCELOS – Que é o verdadeiro elemento. Confesso que hoje, que vou ficar só, se ainda encontrasse uma daquelas senhoras do meu tempo, mesmo viúva!...

D. MARIA – Vamos ouvir as meninas tocarem piano!... Cá deve estar mais fresco! (Durante as cenas seguintes ouve-se, por momentos, o piano.)