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Hierocles diz que cada um de nós é um centro circumscripto por muitos circulos concentricos. De nós parte o primeiro circulo, comprehendendo os pais, a esposa e os filhos. O circulo seguinte comprehende os parentes; vêm em seguida os concidadãos, e finalmente a raça humana.

Para cumprirmos neste mundo o nosso dever para com Deus e para com os homens, firme e consistentemente, é necessario cultivar as faculdades que Deus nos deu. E elle deu-nos tudo. É a sua vontade que instrue e guia a nossa vontade. É a consciencia do bem e do mal, a consciencia do que é puro e do que é torpe, que nos torna responsaveis perante os homens nesta vida e perante Deus na outra.

A esphera do dever é infinita. Existe em todas as estações da vida. Não temos á nossa escolha ser feliz ou desgraçado; forçoso, porém, nos é cumprir o dever que por todos os lados nos cerca. A obediencia ao dever, a todo o custo e a todo o risco, é a essencia da vida civilisada. Para praticar grandes acções é necessario trabalhar por ellas, esperar por ellas, morrer por ellas, hoje como hontem e amanhã como hoje. Frequentemente comparamos a idéa do dever com a disciplina do soldado. Lembramo-nos da sentinella em Pompeia, a qual morreu no seu posto, quando a cidade era submersa nas cinzas do Vezuvio ha uns mil e oitocentos annos. Ao passo que outros fugiam, ella se mantinha firme no seu posto. Cumpria o seu dever. Fôra postada alli para guardar aquelle logar, e nada a fez recuar. Suffocou-a o vapor sulphuroso da cinza que cahia. O seu corpo fez-se pó, mais a sua memoria perdura. O capacete, a lança e a armadura ainda são conservados no Museu Bourbonico de Napoles.

Esse soldado foi obediente e disciplinado. Fez o