Página:O gallego lorpa, e os tolineiros.pdf/5

Wikisource, a biblioteca livre
¤ 3 ¤

Lamb. Está bem: aqui tens dinheiro: vai á praça da figueira compra-me Rabãos, Sinoilas, Serrafolho, Pimpinella, e depois vem pela Ribeira do peixe, e vê se achas Cabritas para huma caldeirada: percebes?

Alonç. Ás mil marabilhas.

Lamb. Vai lá dentro que te dêm huma alcofa, e naõ te demores muito.

Alonç. Xerá xúa merxe xerbido, que ió num xom amigo de remanxar-me.

Lamb. Vai n’hum pé, e vem n’outro.

Alonç. Xenhor xim: mas im cual dos piés quiere xua merxêa que ió bá, neste, ou nestroito?

Lamb. Vai no que quizeres, marcha.

Alonç. Está vom, boi neste, e birei no oitro. (Vai a passapé cantando.

Lamb. O tal Gallego he bolonio nos termos, mas em calcando o povo, faz-se logo como hum coral: ora vamos dispôr as figuras, que vaõ sendo oras de virem os freguezes. Vai-se.

 

SCENA II.

Julia, e Labrusca.
 

Julia. Minha Labrusca, estou muito afflicta.

Labr. E que ha de novo para tantas afflicções?

Jul. Meu Pai quer-me casar.

Labr. Entaõ V. m. afflige-se com o que as mais tanto desejaõ? naõ sabe que o casar he o Desembargo do Paço das mulheres?

Jul. Mas casar com hum velho?

Labr. Velho? Valde retro, salta a traz, quem he elle?

Jul. Timotheo Jaques Compadre de meu Pai.

Labr. Quem? o Proprietario da baba, fontes, e callos?

Jul. Esse mesmo, e hoje se fazem as escrituras: vê, cara Labrusca, como poderei viver sem o meu Trifaldino! acode-me… tem dó de mim.

Labr. E como posso eu acudir-lhe?

Jul. Aconcelhando-me o que devo fazer.

Labr. E que diabo de concelho quer V. m. que eu lhe dê?

Jul. O que te inspirar o Amor que me tens.

*ii

Labr.