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CAPITULO IV
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tivos ponderosos. Houve de facto politicos que voltaram repetidamente á sua sancção, na cabeça da lista triplice e que nunca alcançaram o beneplacito imperial. Theophilo Ottoni foi designado na quinta eleição e Pereira da Silva igualmente esperou que o Imperador ratificasse a votação popular.



A historia do governo imperial depois da maioridade póde dividir-se no tocante ao desenvolvimento da ordem civil em trez periodos distinctos e successivos. O primeiro foi o da juventude de D. Pedro II, dos 15 aos 23 annos, quando Aureliano, com seus modos attrahentes, encobrindo uma vontade firme, que não trepidara nos primeiros annos da Regencia em fazer guerra ao partido caramurú e destituir José Bonifacio da tutoria imperial, encantou o mancebo que tivera uma infancia erma de carinhos e uma adolescencia privada de romanesco e que acceitou com uma especie de reconhecimento essa deferencia impregnada de ternura e de habilidade. O feitio de Aureliano era um refrigerio ao lado da presumpção dos Andradas, das excentricidades de Hollanda Cavalcanti (visconde de Albuquerque), da senilidade de Paranaguá, da seccura beata de Itanhaem, da soberba de Paraná, do temperamento arisco de Abaeté. Assim foi que durante essa phase Aureliano poude desempenhar no Brazil o papel de lord Bute na Inglaterra de Jorge III, governando por traz do reposteiro[1]. Entrementes D. Pedro II cultivava a sua intelligencia, em que a memoria era prodigiosa e o raciocinio seguro e desannuviado e desenvolvia o seu caracter, em que a honestidade, a urbanidade, o civismo e a grandeza d'alma corriam parelhas e substituiam uma affectividade que por nada ruidosa parecia faltar a esse concerto

  1. Eunapio Deiró, D. Pedro II, no Jornal do Commercio de 5 de Dezembro de 1892.