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O IMPERIO BRAZILEIRO

louvores». De facto, não se enganavam os que attribuiam ao soberano um papel judicioso mas activo neste ponto: seria iniquo prival-o da sympathia de que é merecedor quem em 1850, aos 25 annos de idade, declarava, por occasião de querer Euzebio de Queiroz pôr cobro ao trafico, que preferiria abdicar a manter-se á frente de um imperio repellido pela humanidade.

Não veio n'aquella epocha á baila a substituição da instituição servil pelo trabalho livre, e os quinze annos que se seguiram, até 1865, foram de calmaria podre. Como e porque proceder no Brazil a uma reforma radical que aos Estados Unidos não se afigurava precisa? Ora, de 1850 a 1861 os escravocratas estiveram em Washington no temão do Estado. O dobre de finados da escravidão só se fez ouvir depois de rota a federação, mas os politicos que representavam os interesses ligados ao solo fechavam-lhe os ouvidos e só a raros espiritos especulativos pareceu elle um repique de esperança. D. Pedro II foi um destes, a fazer côro com os philosophos. Sondou constitucionalmente, mas sem felicidade, o marquez d'Olinda, ao presidir o antigo Regente o seu ultimo ministerio, para que a emancipação fosse um dos topicos da falla do throno. Zacharias de Goes e Vasconcellos, que subiu ao poder em 1866, mostrou-se mais accommodado: a campanha contra Lopez era, porem, um empecilho a todo andamento effectivo. Todavia na falla de 1867 figura um paragrapho dizendo que o assumpto não podia deixar de merecer opportunamente a attenção do Parlamento, o qual deveria proceder de modo que tomasse em consideração os altos interesses que comportava a medida, ao mesmo tempo respeitando a propriedade existente, sem imprimir um abalo profundo na agricultura, a saber, a industria capital do paiz.

O acolhimento dispensado á declaração concebida nestes termos precavidos não foi caloroso: foi antes frio, para não dizer hostil. Aliás o assumpto ia ser arredado pela retirada a breve trecho do gabinete Zacharias, cujo chefe buscava um ensejo para demittir-se desde que o monarcha formulara perante o Conselho d'Estado a pergunta famosa — devia conservar o ministerio ou conservar á testa do exercito em operações