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O IMPERIO BRAZILEIRO

brazileiras tendiam, a pezar seu, para igual regimen porque a gradual decadencia da cultura da canna (um instante compensada, durante a guerra da Seccessão pelos altos preços do algodão, producto da catinga e do sertão) provocava uma vinda progressiva de trabalhadores escravos para os cafezaes cada dia mais prosperos do Sul. A grande propriedade alli se expandia, quando alhures no paiz minguava. O Ceará especialmente, que em 1877 e 1878 passara por uma das crises de secca mais terriveis da sua lamentavel historia economica, elaborada sob alternativas climatericas, preparava-se um tanto forçadamente para justificar o titulo de «terra de luz» com que Patrocinio lhe acenara quando alli fôra em propaganda abolicionista. A «patria livre» começava a seduzir a maioria dos espiritos. Os gabinetes liberaes que se succediam no poder e que resultavam ephemeros, tinham começado por cerrar os ouvidos ao trovejar ainda longinquo, mas tinham acabado por admittir a necessiade de satisfazer a opinião despertada e alerta.

Os ministerios presididos pelo marquez de Paranaguá (1882) e Lafayette Rodrigues Pereira (1883), contando para este fim com as boas graças imperiaes, pensaram em avolumar o fundo de emancipação, em estabelecer um imposto de transmissão sobre as vendas de escravos e até em abolir o trafico inter-provincial. Faltava-lhes, porem, o fogo sagrado. As assembléas provinciaes do Ceará e Amazonas foram alem dos seus programmas platonicos e votaram a prohibição da exportação de escravos. Logo apoz ambas as provincias decretaram sua inteira libertação da instituição servil, exemplo que não poucos municipios de outras provincias entraram a imitar. O anno de 1884 marca o auge da campanha. A escolha do successor de Lafayette gyrou toda em redor da questão. Dos marechaes do partido liberal, Saraiva, o que D. Pedro II preferia, não se julgava com força bastante para attingir o alvo sem graves perturbações economicas e politicas; Sinimbú, o Nestor, considerava o problema já resolvido pela lei de 28 de Setembro de 1871; Affonso Celso, o de mais luzes, punha acima de qualquer outra a questão financeira, embora não se esquivando a am-