exercito, que, ao assistir a um desfilar de tropas, elle dissera aos que estavam perto, apontando para os soldados — assassinos legaes!
O snr. Salvador de Mendonça, signatario do manifesto republicano de 3 de Dezembro de 1870 e membro do directorio do partido, conta[1] que, no grande movimento de curiosidade e de sympathia pela obra annunciada de realização democratica na forma e na essencia, se deu um verdadeiro alistamento de forças civis e tambem militares. O official Pompilio de Albuquerque, que foi quem alistou secretamente seus camaradas, apresentou ao directorio um plano de captura do Rio de Janeiro antes da partida de D. Pedro II para a Europa em 1871. A familia imperial e as principaes auctoridades seriam detidas n'um dia de gala, quando se achassem todas reunidas, e transportadas para a fortaleza de Villegaignon, ao mesmo tempo que duas baterias convenientemente collocadas nos morros lançariam o panico na cidade.
Notou-se com acerto[2] que a permanencia durante cinco annos e mais, contando com a intervenção na Banda Oriental, do exercito regular e dos corpos de voluntarios nos paizes republicanos do Prata, quando estes paizes eram uma escola de despotismo e de indisciplina, governados por caudilhos — a Argentina começa a livrar-se da praga — foi deveras prejudicial á ordem civil do Brazil. A idéa da dictadura militar, cujas raizes são distantes, dahi derivou não pouco da seiva necessaria á sua florescencia. O auctor lembra a este proposito os officiaes dos ultimos dias do Imperio, muitos d'elles typos de fanfarrões de quartel com as calças balão, os rebenques presos ao pulso por uma corrente de prata, a cabelleira cacheada e oleosa, o kepi de lado. O movimento abolicionista, que facilmente podia degenerar em revolucionario e que acabou mesmo sendo legalmente revolucionario, permittiu n'um dado momento que muitos dos seus adeptos se recrutassem nas fileiras das forças armadas.