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O IMPERIO BRAZILEIRO

recusado um primeiro offerecimento de mediação da parte do rei de Portugal D. Luiz, sobrinho de D. Pedro II, pela boa razão de que a iniciativa de uma conciliação deve emanar do offensor e não do offendido. O governo britannico acabou, com effeito, por tomar tal iniciativa e acreditou junto ao Imperador o seu ministro em Buenos Ayres, Thornton, que era persona grata por anticipação, tendo-se mostrado favoravel á politica brazileira nas differenças que precederam a guerra do Paraguay. O diplomata inglez foi apresentar suas credenciaes no acampamento mesmo de Uruguayana, onde D. Pedro II acabava de receber a rendição do corpo de exercito paraguayo, composto de 12 mil homens, que tentara a invasão e occupação do Rio Grande do Sul.



As questões de politica exterior condensadas sob o epitheto de negocios do Prata podem desdobrar-se em duas cathegorias: o respeito dos principios e dos tratados e as reclamações por violencias e prejuizos, comprehendendo portanto materia de direito internacional publico e de direito internacional privado. De ambos os lados se ouviam queixas contra a indulgencia dispensada aos emigrados politicos, os platinos em terras brazileiras e os rio-grandenses em terras platinas; contra soccorros positivos facultados a rebeldes estrangeiros; contra a participação de forasteiros em discordias de caracter puramente domestico; finalmente por devastações, no decorrer das luctas civis, de propriedades de nacionaes situadas fóra das patrias respectivas, nomeadamente estancias brazileiras na Banda Oriental.

O governo imperial proclamava a cada passo sua neutralidade, mas de facto sua intervenção estava sempre immanente, fosse para defender e manter a independencia e soberania do Uruguay, depois que teve que acceital-a, fosse para garantir a livre navegação dos rios Paraguay, Uruguay e Paraná, indispensavel