A politica de intervenção nunca aproveitou ao Brazil. Em
1827 os unitarios argentinos comprometteram o seu futuro politico
annuindo à annexação da Cisplatina e, diante da revolta do
sentimento platino, teve o Imperio que renunciar á propria
ficção de suzerania que quizera conservar sob pretexto de salvar
a independencia da nova nacionalidade, quando ameaçada, ou
de salvaguardar a sua cohesão. A Europa, primeiro invocada em
1830 pelo marquez de Santo Amaro, esquivou-se desde então a
desafiar a doutrina de Monroe, e por seu lado o Brazil e a
Argentina tiveram por um momento um interesse commum — o
de evitarem a formação de um Estado composto do Rio Grande
do Sul, da Banda Oriental, de Entre Rios e de Corrientes, que
seria o começo da desaggregação pratica do Imperio, tanto
quanto uma barreira opposta á formação da Greater Argentina.
A concordancia era, porem, negativa: no terreno affirmativo
recomeçava a divergencia. Apenas a Argentina queria reincorporar
fragmentos da fundação politica colonial do vice-reinado, e
o Brazil transformal-os em satellites seus.
A intervenção do Imperio contra Rosas não lhe trouxe vantagem alguma territorial, tão sómente a regulação dos seus limites com o Uruguay; antes não fez senão aggravar a desconfiança contra as suas apregoadas ambições, as quaes pareceram revelar-se sem disfarce ou attenuante por occasião da guerra do Paraguay. A America Hespanhola e a Europa raciocinavam logicamente á vista de successivas intervenções operadas e deduziam sua conclusão da desproporção em vigor e em recursos que havia entre o Imperio unificado e immenso, com uma força toda sua, si bem que latente, e pequenos paizes onde grassava uma desordem sangrenta. A suspeita alcançava mesmo a esphera do governo britannico, melhor dito este a partilhava.
Uma carta particular de lord John Russell a um seu compatriota