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O IMPERIO BRAZILEIRO

o Brazil tambem assim procedera, tendo firmado, em 1859, um convenio secreto, ainda que temporario, com a Confederação Argentina pelo qual esta nos facultava a livre passagem pelo territorio de Corrientes no caso de guerra com o Paraguay. Verdade é que o Paraguay sustentava uma doutrina obsoleta e anti-progressiva, qual a clausura de rios de curso commum a varios paizes.

Escolhendo para o ataque o momento em que estava preparado e em que lhe parecia achar-se o inimigo pouco disposto a medir-se em longa guerra, o Paraguay apenas fazia seguir os principios politicos europeus. A independencia de Corrientes, Entre-Rios e Rio Grande do Sul dos laços que prendiam esses territorios á Argentina e ao Brazil teria sido um golpe de mestre... si se houvesse realizado. A traição é, porem, inseparavel da guerra e, como dizia o marquez de Pescara ao legado papal, é impossivel aos homens servirem Marte e Christo ao mesmo tempo. A presumpção de Lopez com relação á sua superioridade militar era entretanto tamanha que não hesitou em romper igualmente com a Argentina, que lhe recusara, invocando os deveres da neutralidade, a permissão de atravessar Corrientes para penetrar por este outro lado na Republica Oriental. Despachando um exercito de 24.000 homens para forçar a passagem, Lopez, como vimos, contara erradamente com a collaboração de Urquiza.



Foi semelhante aggressão temeraria que deu origem ao tratado da triplice alliança, negociado e assignado em Buenos Ayres pelo terceiro plenipotenciario brazileiro, o deputado liberal Francisco Octaviano. Rio Branco fôra destituido porque tendo presidido á capitulação de Montevideo, não fez figurar no tratado publico de pacificação entre blancos e colorados, mediante o qual Flores foi investido do governo interino, devendo seguir-se uma nova eleição, as clausulas relativas ás indemnizações brazileiras.