O Brazil não podia aspirar aos fóros de conquistador, mas
não queria ver crescer ao seu lado outro gigante. No seu intimo
calculava que Urquiza e Lopez se neutralizariam, oppondo um
ao outro os seus ciumes de independencia e sonhos de grandeza.
Já em 1852 Urquiza fôra seduzido pela diplomacia brazileira
com a perspectiva de succeder a Rosas, para o que sabiam os
tentadores que lhe faltava o estofo, correndo a Confederação o
risco de dissolver-se sob a acção do federalismo rural e de perder
a democracia gaúcha a consciencia politica e social do povo.
A «petite entente» manipulada pelo Brazil não passou, porem,
de uma phantasia que se esfrangalhou de encontro ao progresso
argentino. Já em 1856 o Imperio se compromettera a não fomentar
a fundação de novas nacionalidades em menoscabo da auctoridade
legitima das existentes e com mutilação dos seus
territorios tradicionaes. Em 1859 sobreveio a crise argentina
da qual derivou para a republica uma maior cohesão.
Á acção imperial podia em rigor assistir a justiça, mas faltava o desinteresse, e o dictador paraguayo, ao protestar contra a intervenção armada do Brazil na Banda Oriental, sentia pulsar por si a sympathia decorrente de um estado d'alma collectivo, europeu e americano. É facto que a intromissão brazileira era muitas vezes solicitada do proprio Uruguay pela facção ameaçada de perder o mando e não contrariava aquella sympathia a circumstancia de serem algumas das controversias originadas em episodios da escravidão.
No Uruguay não havia escravos, mas, mercê do tratado firmado pelo Imperio, cabia-lhe a obrigação de entregar os que viessem do Brazil buscar o agasalho do seu territorio, onde aos respectivos senhores era licito virem buscal-os, protegidos na sua reclamação, que o sentimento de humanidade considerava affrontosa, pelas auctoridades brazileiras agindo independentemente do recurso diplomatico, formula respeitadora da soberania.
De lado a lado escasseava boa vontade, e com os aggravos de nacionaes brazileiros eram correlativos os melindres uruguayos pelo virtual protectorado que sobre elles pesava. A tutela