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CAPITULO X
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de 1865, regulado entre si as questões de limites com o Paraguay e por elle a Argentina fizera jus a extender sua fronteira até a Bahia Negra; mas, argumentando o governo de Buenos Ayres com o generoso e inopinado principio de direito internacional de que a victoria não concedia semelhantes regalias, e tendo ficado estabelecido pelo tratado preliminar da paz que ao Paraguay era dado discutir as pretenções contrarias ao seu interesse e integridade, abriu-se de par em par a porta á desavença. O Imperio entendeu negociar separadamente com o governo provisorio installado sob seus auspicios em Assumpção, garantindo embora aos participantes do tratado de alliança a liberdade de navegação dos rios e as indemnizações de guerra, que ficaram afinal no papel. A Argentina occupara entrementes Villa Occidental e o Brazil, pretendendo tambem repudiar o direito de conquista, consagrou o seu protectorado sobre o Paraguay pelos tratados dictados por Cotegipe com o desplante que Joaquim Nabuco chamou o seu «coup d'éclat». Era a vez do negociador argentino pugnar pelo paiz vencido, julgando uma violação da sua soberania a prohibição de erigir novas fortificações, a qual é corriqueira nas pazes européas. Não era, porem, exaggerado considerar o protectorado brazileiro um prolongamento da guerra pela alliança — na phrase de uma das notas de Tejedor, ministro do exterior da administração Sarmiento — do vencido com um dos vencedores contra o alliado da vespera, quando era facultado ao Imperio manter uma occupação militar indefinida no Paraguay sob pretexto de garantil-o, contra a Argentina evidentemente.

Foram annos esses, de 1869 a 1875, de grande tensão nas relações argentino-brazileiras. O proconsul imperial em Assumpção, que manipulara o governo nominal do Paraguay, fôra Rio Branco, o qual nunca perdera de vista o objectivo da hegemonia no Sul. O conde d'Eu, genro do Imperador, que commandou na ultima phase da guerra — a perseguição de Lopez na região montanhosa do paiz que Burton increpa Caxias por haver descurado como militar, embora talvez com tino politico — não tinha experiencia sinão de caracter bellico. A funcção diplomatica