e determinou por fim a retirada do soberano diante dos motins. Elle se identificara com as instituições monarchicas até o ponto de converter em ataque dynastico toda censura dirigida contra seus actos ou contra sua politica pessoal. À Corda era no seu entender inatacavel e inattingivel e o monarcha infallivel. Por seu lado o Parlamento farejava em qualquer attitude irreconcihavel do throno o claro despertar da tradição absolutista. Pode dizer-se que desde 1826, quando as Camaras se reuniram pela primeira vez depois da promulgação da Constituição, até 1831. quando o Imperador embarcou para a Europa, tendo abdicado o diadema, executivo e legislativo nunca viveram num pe de confiança, menos ainda de cordialidade, porque não os prendia um laço commum de parentesco político.
O Imperador só recrutava o pessoal dos seus ministerios no Senado, onde tinham assento os seus amigos, os poucos depositarios suecessivos dos seus pensamentos — Barbacena, Paranaguá (Villela Barbosa), São Leopoldo, Baependy, Santo Amaro -- ou então fóra do Parlamento. Duas vezes que succedeu diversamente e que D. Pedro tentou governar com a maioria da Camara, em 1827 e em 1830, 0 accordo foi passageiro e o Senado continuou a ser o viveiro dos gabinetes imperiaes. O regimen parlamentar era, aliás, tão imperfeitamente applicado que o governo recusava à Camara os elementos de que esta carecia para preparar o orçamento e que os ministros não sómente se não julsavam responsaveis para com ella, como mesmo se esquivavam a mandar-lhe. relatórios da gestão dos seus departamentos ou adar-lhe conta das suas deliberações. Os deputados dirigiam-se directamente ao Imperador e os membros do gabinete Jjulgavam-se dispensados de assistir às sessões legislativas e de acompanhar os debates. A discussão da resposta à falla do throno em 1527 encerrou-se sem que os ministros comparecessem uma vez sequer na Camara e sem que sua defesa fosse esbocada em opposição aos ataques que cada dia se tornavam mais vigorosos ('). Ao mesmo tempo a Camara concedia absurdamente aos
(I) Affonso Celso, Oilo amnos de Parlunento.