Página:O jesuita - drama em quatro actos.djvu/15

Wikisource, a biblioteca livre

CORREIA – Perdão, Sr. Conde; sei o que devo a meu superior e o que me devo a mim mesmo; não tive propósito de interrogar a V. Ex.; foi simples admiração.

CONDE – E em que vos admira a prisão desse homem? Dizei-o!...

CORREIA – Permite o Sr. Governador que eu seja franco?

CONDE – Ordeno, se é preciso.

CORREIA – Não ignora V. Ex. que o doutor Samuel é estimado de todos; não há miséria ou infortúnio nesta cidade à que ele não leve um alívio ou um consolo. A sua ciência é tão profunda, quanto sua bolsa é rasa; ao passo que uma serve ao rico, a outra pertence aos pobres.

CONDE – E que concluis de tudo isto?

CORREIA – Que a prisão desse homem, com ser uma injustiça, pode tornar-se um perigo. O povo o defenderá; os padres sobretudo o sustentarão.