Página:O jesuita - drama em quatro actos.djvu/53

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e bradar-me: — Avante!... Sim, nessa noite, pela primeira vez, a dúvida entrara em meu espírito e entorpecera-me a coragem. Obreiro infatigável de um monumento gigantesco que demanda séculos para a sua realização, eu tinha feito o que era possível ao homem. Mas que momento não é a vida da criatura na rotação do mundo? Que valem anos para as grandes revoluções que marcam uma época? Sentia-me velho, via o túmulo abrir-se diante de mim. Não temia a morte! Daria com prazer à terra um despojo inútil. Mas a alma?... A ideia?... A só lembrança de que ela ia de novo voltar ao nada, donde eu a havia arrancado, era uma tortura imensa, horrível! Foi nesse momento que te recebi em meus braços. Reanimei-me... Pareceu-me que Deus dava-me o teu corpo infantil para que eu inoculasse nele a minha alma, quando o meu de velho e cansado já não pudesse carregá-la. Cumpri a vontade de Deus. Não te eduquei, não; revivi, ressuscitei-me em ti. Eu sou o passado, tu és o futuro; mas ambos formamos uma só vida, um só pensamento.

ESTÊVÃO – Mas não o meu coração!... Oh!... por que mo não arrancastes?... Então este amor não se apoderaria dele, e não usurparia os vossos direitos de pai: eu poderia ser a imagem do que fostes, a sombra da vossa grande inteligência!... Agora!...