Página:O jesuita - drama em quatro actos.djvu/84

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SAMUEL – É a verdade! Oh! um momento o meu espírito debateu-se nas trevas; duvidei de mim! Mas Deus iluminou-me, rompeu-se o véu, e tudo me aparece agora claro. Fecho os olhos e vejo... (como enxergando uma visão.) Ei-lo! O busto severo do ministro onipotente que medita a sua obra de destruição. Uma auréola de triunfo resplandece em sua larga fronte. Ele sorri e estende a mão! A mão poderosa que ergueu a nova Lisboa das ruínas do terremoto, que lutou contra a Inglaterra e curvou Portugal a seus pés!... Traça algumas linhas: é a sentença da proscrição; é a condenação dos jesuítas. O rei assinou, só falta executá-la!...

FR. PEDRO – Meu Deus!

SAMUEL – Cuidais que o marquês de Pombal vai entregar essa missão a agentes subalternos, como se fosse uma lei vulgar? Não! No orgulho de seu poder esse homem tem a pretensão de imprimir a seus atos a força irresistível, rápida e fatal que Deus deu aos elementos: quer ferir como o raio, como a peste; quer que no mesmo instante, a mil léguas de distância, a sua vontade se realize como um decreto da Providência.