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2. A vadunt corresponde vaam, LIX, 12; a stant corresponde estam, prol. 13, Temos -om no futuro: acusaróm, XLV, 12.

3. Mantem-se os digraphos tonicos -ea e -eo (hoje -eia, e eio): por ex. aldea, alheo, cheo, feo, freo, meo, seo. Atonos: leom (a par de liom), meolo. Temos tambem peor < lat. peiore-, a par de peiorar < lat. peiorare.

4. Mantem-se o ditongo ui (hoje reduzido a u) em cuitelada, escuitar, fruito; e o ditongo au (hoje reduzido a a) em trautado.

5. Quando da syncope de certas consoantes entre vogaes iguaes resultaram ditongos ou digraphos que na lingoa moderna estão reduzidos a vogaes simples, oraes ou nasaes, o texto mantem os ditongos ou os digraphos:

-L- -N- -D- -V-
aa algũu cobiiça pãao
afaago arrepeender creer
braadar bõo empeecer
coobra gaado fiees
cruévees homẽes meezinha
diaboo infiindo pee
doo jajũu seer
estávees lãa treedor
fiees manhãa veer
maa peendença
notávees rãa
paancada sosteer
poboo teer
poo ũu
poomba vãa
queente vérmẽes
voontade vĩir

É de notar que, a par de braadar, se encontra bradava, XVI, 8; a par de coobra se encontra cobra, LIX, 9 (em fim de linha, porém); a par de seer se encontra ser, XXVIII, 20, e serás, XXVIII, 9; tambem se encontra fe, XXIX, 29, e rria, XLV, 19, a par de riir, duas vezes, ib., 17 e 18. Primitivamente as duas vogaes resultantes da syncope pronunciavam-se distinctas uma da outra, como se prova dos versos dos Cancioneiros; com o andar do tempo as duas vogaes fundiram-se em uma só, mas continuou a escrever-se maa, poo, seer. O encontrar-se no nosso texto ser a par de seer, e por outro lado o encontrar-se ahi vaas, XLIII, 6, ataa, oo a par de ho, e antiiguo,