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«se obrigauam per scprituras pubricas a lh’os darem a çerto tempo»; «se lhe nom pagassem a çerto tempo»[1]. — L. 14) ssegundo Deus. Vid. Vocabulario, s. v. «Deus».

Fab. lxi.L. 8) de furto (não do furto): em sentido indefinido = de furtos. — L. 16) rrogando. Vid. Vocabulario. — L. 20) mesteres. Vid. Vocabulario. — L. 30) ho outro dia, do combate = no outro dia, que era o do combate. — L. 30-59. Temos nesta narração exemplo de um duello judiciario, combate singular, desafio, prova por lide, ou como se lhe quiser chamar. Constituia um dos juizos de Deus, a que tão vulgarmente se recorria na idade-media para se decidir da veracidade ou falsidade de um facto; da existencia dos juizos de Deus na Peninsula, e especialmente em Portugal, falla A. Herculano, Hist. de Portugal, iv (1853), 371-379 (sobre os combates singulares, vid. p. 373 sqq.). O nosso caso apresenta muitas das circunstancias que se notavam nas lides: o accusador luta com um campeão do accusado; o combate é á espada; assistem magistrados, aqui representados pelo rei e seus barões. Tambem no romance francês (ms. do sec. xiv de Joufroy um dos combatentes quebra um braço ao outro; cfr. Langlois, La soc. fr. au xiiie siècle, p. 31. Sobre combates judiciarios em outros textos franceses medievaes cfr. Modern lang. notes, xx, 46; e G. Paris, Le roman du comte de Toulouse, Paris 1900, p. 23, nota. — L. 35) Ho uaqueyro cobria-sse. Defendia-se, esquivava-se. — L. 41) que. Conjuncção consecutiva. Cfr. xliv, 3. — L. 68-70) Parafrase da conhecida sentença de Ennio, em Cicero, De Amicitia, xvii, 64: amicus certus in re incerta cernitur. — L. 70-71) sseu .. sseu. Na phrase a que pertence o primeiro sseu ha synese[2]; essa phrase corresponde a os amigos ninguem os acha ssenom pera leuar-lhe o sseu, e por isso sseu como que se refere a ninguem. O segundo sseu refere-se a amyguos, isto é, aos amigos interesseiros, ou lobos rrabazes, como se lhes chama na l. 72.

Fab. lxii.L. 4) que = em que. Ellipse da preposição.

Fab. lxiii.L. 17) per afagos que nos façam: isto é, «em troca de afagos que nos façam», e não «por muitos afagos

  1. Vid. Archivo Historico Português, ii, 48 e 49.
  2. Cfr. Epiphanio Dias, Gram. port., § 250-c.