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compeçar, começar: IX, 12; XX, 2; XXXIV, 44. — Alterna com começar (XVII, 9).

comprido, cheio, provido: XXXIV, 51; completo: XLIX, 5.

compridoiro, necessario, respeitante: I, 8—9; LXIII, 18.

comprir, convir, competir, importar: XI, 3; LV, 10; XXI, 10; XXIII, 34.

condiçom, condição: VI, 2 (comdiçom); XIII, 17 (id.), etc.

confêsso, confissão: LX, 6. Alterna com confissom na mesma fabula.

confissom, confissão: LX, 13 (comfissom). Vid. confêsso.

conhocente, conhecedor: VIII, 21 (conhoçemtes).

conhocer, conhecer: I, 6 (conhoçesse); IV, 18 (conhoçer). Alterna com conhecer, XXVIII, 9 (conheçeo). — A fórma conhocer, muito frequente na lingoa antiga, é mais arcaica do que conhecer, porque assenta no lat. cognoscere (cfr. hesp conocer), ao passo que conhecer me parece ser mera dissimilação de conhocer, facilitada talvez pela presença da palatal nh; em gallego mod. ha conhecer, como em português mod., e conecer, por influencia do hesp. conocer; em gallego ant. ha coñoscer, como no nosso texto.

conselhar, aconselhar: XXXVII, 9 («eu te conselho»).

contestar, XXVI, 18, na phrase: «a pequena força nem se deve contestar com a grande», i. é: não deve disputar, bater-se. — Todavia o Sr. Epiphanio Dias nota-me que talvez deva emendar-se em contrastar, de acôrdo com XXXVII, 14.

contra, na direcção de: II, 7.

contrastar, contender, medir-se: XXXVII, 14. Vid. supra contestar.

contrairo, contrario: XXXII, 34; LVIII, 15. Fazer contrairo: vid. a annotação á fab. XXV, 9.

coobra, cobra: LIX, 1, 3 (vid. Erratas). Alterna com cobra em LIX, 9, com um só o, porque no ms. esta palavra está em fim de linha. A duplicação do o em coobra é etymologica: lat. *co(l)obra = colubra.

coraçom, coração: IX, 22; XXII, 11.

cordeiro. Apesar de a palavra cordeiro ser masculina, e em port. arc. existir cordeira, que lhe corresponde como fórma feminina[1], nota-se na fab. LV, 9, que o cordeiro, fallando de si, diz filha, e mais abaixo ssegura (embora o lobo, ib., 5, lhe chame filho,

  1. Por ex., na Vida de Eufrosina (sec. XIV): «quem foy aquel que espadaçou a minha cordeyra?» em Cornu, Anciens Textes Portugais, p. 6.