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por ant. Em gallego tambem alterna lujar (= luxar) com lijar (= lixar): vid. Valladares, Dicc. Gall. Cast., s. v.; e já na Crónica Troiana. texto gallego do sec. XIV, temos luxar por «manchar». — Parodi, na Romania, XVII, 69, explica o gallego lujar, lijar por *lutulare, explicação admittida por Körting, Lat.-Rom. Wb., 2.ª ed., n.º 5761; mas ha difficuldade phonetica.

 

M

 

maa, má: prol., 7; XXV, 7. Os aa são etymologicos: lat. ma(l)a.

madre, mãe: IX, 15; XXVI, 6; XXXIV, 8. Não se usa mãe no nosso texto.

maginar, imaginar: LXI, 37. — Por se ler em Camões maginar ensina-se ás vezes nas aulas que temos aqui uma licença poetica; mas o nosso texto prova que maginar é da prosa, e existem outros exemplos: maginar em Azurara e no Cancioneiro de Resende[1], etc. Deu-se a apherese (lat. imaginari, imaginare) por confusão de i + m- com o prefixo in-.

mais, mas: I, 5; XXI, 13 (mays). Alterna com mas em: LIX, 5 (no ms. mas está em fim de linha); XII, 30; XXXIV, 32; XXXV, 9, etc.

malandante, malaventurado, infeliz: XLIV, 26, onde saiu, por êrro typographico, maladante em vez de malãdante.

malecioso, -a, malicioso, -a: XIII, 8 (maleçiosa).

mancebo, criado, serviçal: XLIV, 11 (mançebo). Ibid., 29 e 30, o auctor emprega seruo e seruidor como synonimos d’este termo. — Cfr. Gama Barros, Sobre a significação da palavra «mancipium», na Rev. Lusit., IV, 247, onde mostra que mancipium e servus, nos mais antigos textos da idade-media, eram synonimos entre si, e que já no sec. XIII «a significação de mancipium correspondia á de mancebo, quer no sentido de individuo que servia por soldada, quer no sentido de adolescente»[2] — . Na fab. XLVII, 14, mancebo (mançebos) tem a significação actual de «joven»; e nesse sentido emprega D. Duarte tambem a palavra no Leal Conselheiro, p. 184, com o substantivo correspondente mancebia «juventude», ahi contraposto á palavra velhice[3].

  1. Vid. Cortesão, Subsidios para um Diccionario, s. v.
  2. Loc. cit., p. 264. Este artigo foi reproduzido na Hist. da Adm. Publ. em Portugal, II. — Cfr. tambem Pedro de Azevedo, no Archivo Hist. Port., I, 290.
  3. Entre mancipium «servo» e moço «joven» ha a mesma relação sematologica que entre moço «serviçal» e moço «joven».