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O MANDARIM
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de flôres, fazendo girar nos pulsos dois aros de prata, com um ar de tedio cerimonioso. Depois é alguma aristocratica cadeirinha de Mandarim, que koulis vestidos d’azul, de rabicho solto, vão levando a um trote arquejante para os Yamens do Estado; precede-os uma criadagem maltrapilha que ergue ao alto rôlos de sêda com inscripções bordadas, insignias d’auctoridade; e dentro o personagem bojudo, com enormes oculos redondos, folheia a sua papelada ou dormita de beiço cahido...

A cada momento paravamos a olhar as lojas ricas, com as suas taboletas verticaes de letras douradas sobre fundo escarlate: os freguezes, n’um silencio d’igreja, subtis como sombras, vão examinando as preciosidades — porcelanas da dynastia Ming, bronzes, esmaltes, marfins, sêdas, armas marchetadas, os