O MANDARIM
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Uma noite, recolhendo só por uma rua deserta, vi diante de mim o Personagem vestido de preto com o guardachuva debaixo do braço, o mesmo que no meu quarto feliz da travessa da Conceição me fizera, a um ti-li-tim de campainha, herdar tantos milhões detestaveis. Corri para elle, agarrei-me ás abas da sua sobrecasaca burgueza, bradei:
— Livra-me das minhas riquezas! Resuscita o Mandarim! Restitue-me a paz da miseria!
Elle passou gravemente o seu guardachuva para debaixo do outro braço, e respondeu com bondade:
— Não póde ser, meu prezado senhor, não póde ser...
Eu atirei-me aos seus pós n’uma supplicação abjecta: mas só vi diante de mim, sob uma luz mortiça de