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Página:O mandarim (1889).djvu/22

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O MANDARIM

 

um vicio — tinha tomado o habito discreto de comprar na feira da Ladra antigos volumes desirmanados, e á noite, no meu quarto, repastava-me d’essas leituras curiosas. Eram sempre obras de titulos ponderosos: Galera da Innocencia, Espelho Milagroso, Tristeza dos mal desherdados... O typo venerando, o papel amarellado com picadas de traça, a grave encadernação freiratica, a fitinha verde marcando a pagina — encantavam-me! Depois, aqueles dizeres ingenuos em letra gorda davam uma pacificação a todo o meu sêr, sensação comparável á paz penetrante d’uma velha cêrca de mosteiro, na quebrada d’um valle, por um fim suave de tarde, ouvindo o correr d’agua triste...

Uma noite, ha annos, eu começára a lêr, n’um d’esses in-folios vetustos, um